Açores: um ecossistema a descobrir!


Os Açores são um arquipélago pertencente à região biogeográfica da Macaronésia (conjunto dos arquipélagos dos Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde), que apresenta elevados valores de biodiversidade. As condições climatéricas, associadas ao isolamento geográfico, ao relevo e às características geológicas das ilhas deram origem a uma grande variedade de biótopos, ecossistemas e paisagens, que proporcionam a existência de um elevado número de habitats que albergam uma grande diversidade de espécies.
Sendo um dos arquipélagos mais isolados do mundo, acaba por suportar um número significativo de espécies de fauna e flora endémicas exclusivas de cada ilha. Como exemplo de alguma da fauna presente temos o milhafre, o pombo-torcaz, o cagarro e o morcego-dos-açores, único mamífero terrestre endémico de todo o arquipélago. A flora caracteriza-se pela presença de espécies como o louro, a urze, o cedro e a vidália, não esquecendo, claro, a floresta Laurissilva. Mas não só em terra se encontram espécies únicas, também no mar se pode observar o cachalote, a baleia-piloto, o atum, o peixe-espada e algumas espécies de tubarões. Contudo, um dos habitats mais singulares encontra-se nas fontes hidrotermais de grande profundidade, que suportam comunidade únicas de bactérias quimio-autotróficas, mexilhões gigantes, poliquetas, lapas, caranguejos e peixes de profundidade.
De todas as espécies endémicas dos Açores, uma das mais carismáticas é sem dúvida o Priolo. O habitat desta ave terrestre está limitado à floresta Laurissilva do Nordestes da ilha de São Miguel. Em 1990 existiam apenas cerca de 300 indivíduos. 
Priolo,  Pyrrhula murina
Para evitar o seu desaparecimento, desde 2003 até hoje, a SPEA (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves) liderou um programa de recuperação do Priolo financiado sobretudo pela Comissão Europeia (programa LIFE) e pelo Governo Regional dos Açores, o qual permitiu que a população do Priolo atingisse hoje os 1000 indivíduos, reduzindo o seu risco de extinção, apesar da ameaça ainda persistir, continuando a ser a espécie de passeriforme mais ameaçada da Europa. O Priolo depende da floresta Laurissilva nativa da região, a qual tem vindo a ser invadida por espécies de plantas exóticas que substituem as espécies autóctones e que não lhe proporcionam nem alimento nem abrigo adequados, conduzindo à sua quase extinção. Este projeto de conservação tem-se centrado na recuperação da floresta Laurissilva, retirando as plantas invasoras e plantando plantas de espécies autóctones, contribuindo, assim, para a recuperação de todo um ecossistema.